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Sobrevivendo ao Apocalipse

Princípio de Correspondência: O que está em cima é como o que está embaixo, e o que está embaixo é como o que está em cima."

Nova York

2033 D.C

         Da janela de um pequeno apartamento no quadragésimo segundo andar de um prédio em ruínas, um homem encara pensativo o distante chão enquanto gira seu colar que carregava um pequeno pentagrama.

 

- Não podemos mais ficar aqui. - Ele diz para outras três pessoas que estavam no mesmo cômodo.

- E o que pretende fazer? - Pergunta uma mulher, tão aflita e perdida quanto ele. - O mundo lá fora já não é para nós!

- Eu vou tentar! - Ele grita e coloca seu pentagrama de volta no pescoço. - Precisamos de comida!

- Vamos! - Diz um jovem de jaqueta de couro no fundo da sala, enquanto sacava uma pistola enferrujada.

- Não! - Se quiser vir comigo, terá que agir do meu jeito! Não podemos tirar a vida de nenhum deles! - Diz o homem do pentagrama.

- Se você for, a arma fica comigo! - Grita a mulher.

- Então eu irei sem ela! - Grita o jovem, entregando a arma a mulher. - Mas saiba de uma vez que nós não conseguiremos nada!

- Vem meu filho. - Diz o homem do pentagrama, enquanto saía do cômodo vazio.

 

         Então os dois desceram pelas tenebrosas escadarias do prédio abandonado. O lugar agora era um reduto de morcegos e ratos.

 

- Quantos você já matou, pai?

- Um. - Ele se vira para encarar o filho com uma expressão preocupada. - E você?

- 12! - Ele responde com um sorriso sinistro.

 

         Eles desceram as quarenta e duas escadas de pedra e se encostaram exaustos no imenso paredão de madeira e placas de ferro, que os separava do mundo exterior.

 

- Filho. - Diz o pai ofegante. - Eu me arrependo até hoje por ter matado um deles.

 

         O jovem então puxa uma alavanca no paredão e abre um pequeno alçapão nele. - Veja no que as pessoas se tornaram! - Ele então coloca a cabeça para fora e olha para os dois lados. - São como máquinas sem coração!

 

         Os dois então saem pelo pequeno alçapão, que dava num beco escuro e úmido entre o prédio abandonado e uma antiga estação de esgoto.

 

- Não consigo sobreviver do mesmo jeito que o senhor. - O jovem então leva as mãos no ombro do pai, e saca uma outra pistola da jaqueta. - Seguirei outro caminho. Me perdoe pai!

- Faze o que tu queres será o todo da Lei. - Diz seu pai, tirando o colar de pentagrama do pescoço, e entregando ao seu filho.

 

         Os dois então se abraçaram, se despediram, e nunca mais voltaram a se ver. Seu filho foi morto naquele mesmo dia, por um vigia noturno da assombrosa cidade, que o reconheceu por seus diversos outros crimes pela madrugada.

 

         O homem, agora sem o pentagrama, tentou pedir comida, roupas e esmola para as pessoas que passavam apressadas pela rua, e desistiu após três dias vagando invisível pela caótica Times Square. Ele voltou exausto e faminto para seu refúgio.

 

 

- FIM -

 Contos Universais é uma coleção de sete histórias

distintas que dividem um mesmo plano de fundo: As Sete Leis do Hermetismo. Cada conto apresenta uma das Leis, que vão guiando o leitor por eventos e situações que são aparentemente impossíveis, mas

que em seu desenrolar se mostram absolutamente reais e hermeticamente reveladoras.

 

                                         

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